Zukunft, em alemão, quer dizer futuro. Entre os pavilhões do salão de Frankfurt, porém, significa hoje. Por todos os lados, o visitante lê esta palavra. Só que o que para nós, brasileiros, ainda está muito à frente, aqui é tratado como realidade. Há alguns anos, já se falava em motores elétricos na feira alemã. Ainda é tema recorrente, mas, nesta edição, o assunto está consolidado.
Quase todos os estandes possuem sua amostra de carro elétrico. Para alguns, ainda se trata de lançamento. Para a maioria, no entanto, é mais um modelo em exposição para que o visitante possa conhecer e, claro, comprar. A onipresença da "eletricidade" justificou a criação de um espaço somente para este tipo de tecnologia.
O Halle 4, ou pavilhão 4, convida a conhecer todos os sistemas possíveis que envolvam locomoção e sistemas alternativos de energia baseados em baterias, como explicado no espaço da Bosch. Atualmente, a empresa possui dois tipos, o híbrido elétrico (combinação entre bateria e um motor a combustão) e o plug-in híbrido (motor a combustão e elétrico carregado por meio de tomada em uma torre de abastecimento). Dois outros sistemas estão em desenvolvimento: o elétrico com carregamento dentro do carro e o totalmente elétrico. No pavilhão, além dos carros, também há modelos de bicicletas elétricas, transporte comum na Europa.
No local, as montadoreas francesas expõem seus exemplares, já vendidos no mercado europeu. Por 40 mil euros, o Peugeot 3008 Hybrid 4 combina um motor a diesel com uma bateria de íon-lítio de 16kw. Com 30 minutos de tomada, 80% da carga está disponível; com isso, é possível rodar 150 quilômetros. Totalmente elétrico, o Citroën C-Zero deve permanecer por 6 horas em tomada doméstica ou 30 minutos em uma estação de carga. Com velocidade máxima de 130 km/h, custa 35 mil euros.
A Siemens apresenta vários tipos de carregadores: para deixar na garagem de casa, públicos (o custo é medido por tempo de carga; já há um modelo da empresa de trens alemão, a DB) e semipúblicos (encontrado em estacionamentos privados). De acordo com Ralf Bregulla, executivo da empresa, o último tipo deverá ser o mais comum na Alemanha, onde já foram vendidos 3.000 carros totalmente elétricos. "Acredito que em 2012, este número deva saltar para 10 mil. E, em cerca de 15 anos, mais de 50% da frota alemã deverá ser movida a baterias", acredita. Segundo ele, uma estação doméstica para carregar o carro, lançada recentemente pela empresa, custa cerca de 1.000 euros.
Por aqui, o europeu, pelo menos o motorista alemão, já está se acostumando a esta realidade. Em alguns anos, este cenário deverá dar uma nova configuração ao modo de se locomover na Europa: sem uso de combustível, emissão zero de poluentes, de forma silenciosa e a uma velocidade média mais baixa que a atual, já que grande parte dos veículos elétricos possui velocidade máxima perto dos 150 km/h.
As vantagens são claras. Desvantagens, por enquanto, estão na acessibilidade à tecnologia e no descarte das baterias. E, ao menos na Alemanha, as famosas autobahn (estradas sem limite de velocidade), sinônimo de potência e esportividade, estão a alguns anos de perder a graça.

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