Armas para brigar no mercado brasileiro ele tem. Enquanto um EcoSport XL 1.6 com ar-condicionado e direção hidráulica custa R$ 53.440, a Chery pede R$ 52.990 pelo Tiggo com motor de 2,0 litros, ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, freios ABS, airbag duplo, rodas de liga leve de 16 polegadas, faróis de neblina e CD player com porta USB.
Para entender essa diferença, além da quantidade de revendas espalhadas pelo Brasil (73 da Chery contra 513 da Ford), o iCarros avaliou um Chery Tiggo para saber se os carros chineses já podem acabar com a resistência no mercado brasileiro. O resultado, no entanto, ainda não foi animador.
Design nada original
O visual não é original e lembra um pouco as gerações antigas do Honda CR-V e do Toyota RAV-4. As linhas, embora antiquadas, no entanto, agradam pela simplicidade. Ao entrar no carro, a decepção é maior. O acabamento abusa dos plásticos de aparência frágil e peças com sensação de deja vu, como os botões dos vidros e travas, lembrando muito os usados no Volkswagen Golf. A tampa do airbag solta na unidade avaliada gera desconfiança.
Fácil é achar uma boa posição de dirigir. O volante tem ajuste de altura e o espaço para motorista e passageiro é apenas suficiente. Por ser um painel de fácil adaptação para o lado do volante, o console acaba ficando muito centralizado e fora do alcance das mãos. O painel, ao menos, tem fácil leitura e as alavancas atrás do volante são intuitivas; a da esquerda é iluminada, item bastante raro nos carros atuais.
Ao virar a chave, idêntica à da VW por sinal, nota-se que o isolamento acústico não é dos melhores. O som do escapamento invade a cabine. O motor de 2,0 litros a gasolina tem 135 cv a 5.750 rpm e torque máximo de 18,2 kgfm entre 4.300 e 4.500 giros. Apesar dos bons números, o propulsor Acteco é fraco nas saídas e exige mudanças de marcha frequentes em subidas, mesmo as mais suaves.
A estabilidade também não passa segurança, com a suspensão macia demais e carroceria que se inclina nas curvas mais acentuadas. Por outro lado, o câmbio tem engates macios e precisos. O freio exige dosagem do pé para não estancar.
Quem vai atrás tem um bom espaço para as pernas e duas pessoas viajam com conforto. No console tem um porta-copos que se abre para formar um segundo porta-objetos. O porta-malas tem 520 litros de capacidade e só peca pela porta com abertura lateral, mas para o lado da calçada.
O que esperar do futuro?
Vale lembrar que esse é o início das operações da Chery no Brasil, que ainda vai lançar novos modelos e ajustar os já existentes. Para convencer os brasileiros, no entanto, vai precisar melhorar para poder brigar com o Ford EcoSport e aguardar o Renault Duster, além de disputar as vendas com as minivans aventureiras como Fiat Idea Adventure e Citroën AirCross e os hatches Volkswagen CrossFox e Renault Sandero Stepway.
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